Mais uma vez a dor da separação me corta o peito travando um sofrimento abafado. Ver as pessoas mais importantes da minha vida serem deixadas para trás, dilacera minha’lma. Dessa vez chorei um pranto menos caloroso, retraí minha surpresa e anulei minha inexperiência. É a ausência de expectativa presente num caminho em que a duvida de sua concretização me faz crer na não vontade de viver.
Não me sinto pertencente a nenhuma cultura, lugar ou tribo. O meu eterno vazio jamais será preenchido por nenhuma paixão, nenhuma aventura ou nenhuma viagem. Busco no amor ao próximo, na caridade, a presença de uma paz interna que nunca em mim existiu. Meu maior medo é de um possível fracasso na escolha desse caminho que a principio não passa mais de uma tentativa frustrada.
Apesar da armadura sob a qual escondo um coração sensível, à flor da pele, lágrimas abastecem minha retina e regam minha alma. Percebo e sinto o mundo ao meu redor sob um ângulo peculiar, sob uma nova perspectiva que me permite vislumbrar o Além, ultrapassar a matéria e tocar o real. A luz, o espírito, o céu com seus astros representam estrelas em meu caminho. A importância efêmera das tolices palpáveis me faz enxergar o intocável.
Li um conto num diário qualquer que narra o seguinte: uma mulher perdida em seus pensamentos solitários senta-se à beira-mar e observa duas pegadas na areia. Uma era a dela e a outra de Deus. Tais pegadas sempre andaram juntas, porém, nos momentos mais difíceis de sua vida, ela enxergou somente uma pegada e perguntou a Deus por que ele a abandonara no momento em que mais precisou. E Deus respondeu que sempre esteve e está com ela e que jamais a abandonou. Havia somente uma pegada na areia porque Ele a estava carregando no colo.
Achei muito lindo o conto e apareceu no momento certo. Sei que tudo isso faz parte da utilização do meu livre arbítrio e na escolha de um caminho. Estou viajando, conhecendo culturas e experimentando novos costumes a todo o momento. Porem, tal vivência é carregada de tanta solidão que me faz hesitar um pouco. Mas não irei desistir. Dessa vez só voltarei com a concretização da escolha que fiz. As descobertas já tiveram seu momento de serem feitas. Agora é hora de sua execução.
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