quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Pseudo andarilha

Minha liberdade é minha bússola,
Meu guia para que eu possa explorar
Os mistérios
Da selva enigmática mundana.

Esse triunfo precioso
Anestesia meu coração
E congela meus sentimentos.

Acostumei com a solidão,
Faz parte de mim,
De inimiga
Passou a ser amiga,
Uma cúmplice em minha vida.
Agora o que eu quero é viajar e muito.
Sozinha.

Universo Paralelo

A angústia
Hoje já não me molesta mais.
Os cantos do quarto
São testemunhas da minha solidão
Nessa noite fria de segunda-feira.

Meu corpo cansado,
Insuficiente para adormecer
Minha mente,
Respira lentamente
Para recuperar suas forças
E renovar-se em matéria bruta.

Abro as portas
Do meu mundo paralelo
E adentro num universo
Em que os sonhos são possíveis,
Em que os amores são eternos
Em que as amizades são leais
E as pessoas são legais.

Um mundo
Sem escambos,
Sem papel moeda,
Sem diferenças.

Um mundo
Em que as cores, raças, povos e culturas
Formam um só elemento
De amor, paz e convivência saudável.

Um mundo
Em que a natureza torna-se aliada
E nos conduz a sua mais pura fonte.
Bebemos da mesma água,
Compartilhamos os mesmos objetos.
Não há cercas,
Não há armas,
Não há guerras,
Não há injustiça.

Há sim, essência
E amor mútuo.
Há nosotros
E não só você ou eu.
Porque eu e você
Somos parte de um todo
Esse todo que nos mantém unidos.

Sonho utópico
De um revolucionário fracassado.
Me desperto do labirinto ilusório
Para adentrar numa cruel realidade
Essa última
Que não quero ver ou sentir
Mas que suga meu sangue
Torturando-me de dor
Dor da alma,
Doença incurável.

Meu pranto não é suficiente
Para lavar as feridas
Desse repugnante espírito
Amargo e só.

Corpo e mente cansados


Meu corpo
Clama por cama
Num descanso profundo
Aí vou
Estico meus membros
E sinto meus ossos
Frágeis e vulneráveis.

A mente domina seu controle
E compressa meus pensamentos
Nessa noite calada e fria.

Pedaço de mim que se foi
Mas voltará
Para reconstruir o vaso quebrado
E recompor suas partes.

Assim completo,
Poderá sustentar
O que muito ainda virá
Mas que venham
Pois assim sê-lo-á mais forte.

Recaída.
Aos cacos
Caio em desgraça novamente
E me transformo
Numa matéria putrefata
E fétida.

Intenso,
Profundo,
Sinto o peso de ter que suportar
A dor da solidão
Que poderia ter sido evitada
Se eu tivesse tomado outra escolha.
Assim sou reduzida
A não mais que
Um verme humano.

E mais uma vez
Vejo a frustração
De sonhos não realizados
De uma parcial liberdade

Quem sou eu?

Eu?
Nada possuo
Nada sou
Penso que sou
O que não sou

Nada sei
Nada vou
Vou com quem?
Alguém que queira
Estar ao meu lado
Sim vou
Se você aqui estiver.
Mas onde?
Se não o vejo?

Te sinto
Te percebo
Me guardo
Te aguardo
Te amo.
Vou com você
Porque assim sou.

Relatos de um sábado qualquer

Nesse dia nublado de sábado,
Lágrimas inspiram-me palavras tristes.
A dor física de meu corpo enfermo
Reflete o que passa dentro de mim.
Terei que cortar o laço que existe entre nós.
Sua mente doentia extrapola o aceitável e me faz sentir nojo de você.

Sei que sua falta irá doer,
Já está,
Mas assim há de ser para evitar o pior.
Sentirei saudades das risadas,
Das tardes no cinema
E das infinitas garrafas de red wine.
O vazio de sua ausência
Tornará os próximos dias miseráveis,
Mas não insuportáveis.

O que mais me dói
É a incerteza de quanto tempo terei eu de esperar
Até que meus dias ganhem cor novamente.
Até que eu possa sentir o calor e proteção do toque afetuoso.

Se o amor não posso de fato experimentar e viver,
De que adianta a caminha continuar?
Sinto-me como uma peça oca,
Sem vida.

Meu querido mentor,
Ilumina-me
E dai-me forças para não cair em desespero.
Segura minha mão e envolva-me
Em seu manto de luz.

Adeus companheiro


Você não vai voltar.
Eu já sabia,
Mas por um momento quis crer que o teria perto de mim.
Assim seja feita a sua vontade.
Mais um, ou dois, três meses já não farão diferença.
Já acostumei à realidade de estar e ser só.

Nessa noite de ventania violenta,
Espero em vão por sua chamada,
Por sua voz.
Não,
Hoje não será possível adormecer sob seus sussurros,
Mas o farei sonhando com sua imagem
Acariciando meu cabelo e me fazendo feliz.

Ocuparei meus dias sem você
Com o que resta de mim;
O esporte, a música e as palavras
Serão minha melhor companhia.

Me sinto triste
Mas posso controlar tal sentimento
Relembrando de você me abraçando
E me fazendo sentir protegida.
Um breve adeus o mando
Através de meu pensamento.
Será que pensa em mim o mesmo tanto que penso em você?

Mais um conto de fadas,
Com começo, meio e fim.
Mais uma aventura passageira que em minha memória ficará guardada.
Obrigada por me propiciar momentos felizes
Sem os quais não poderia sonhar
Nem iludir-me.

Não te amo,
Mas sinto falta de sua companhia,
De seu cheiro
E de você.
Adeus companheiro.

Mensagem aos normais


A incompreensão da superficialidade mundana me faz perder em pensamentos vazios. Busco tantas respostas para minhas infinitas indagações que canso do meu próprio ser. Mal sei quem sou eu ou para onde vou. Só sei que minhas ações presentes em meu futuro refletirão. Mas que futuro? O que será desse tempo carregado de mistérios e surpresas? Às vezes desejo com alto fervor aniquilar esse “pós” que me aguarda. O medo de falhar e ter de enfrentar o que pra frente virá, extermina minha coragem, ainda tímida e passiva. Quero somente sonhar, amar e viver cada momento como se fosse o ultimo.

Odeio a caretice das pessoas normais e “aburridas”. A previsibilidade de suas ações cotidianas, dos sentimentos e reações me faz bocejar diante de tal quadro patético. Sua endorfina diária constitui-se basicamente em falar da vida alheia, deferir comentários rotulantes, prejulgar em meio a risadas cínicas. Hienas infelizes que mal sabem da ignorância cega que carregam dentro de si. Palavras em vão, tempo perdido e atos vazios representam sua filosofia de vida. Se chocam diante de qualquer coisa que foge `a normalidade dos padrões quadrados e protagonizam as mais grotescas cenas quando longe dos olhares alheios.

E assim começa mais uma nova etapa


Mais uma vez a dor da separação me corta o peito travando um sofrimento abafado. Ver as pessoas mais importantes da minha vida serem deixadas para trás, dilacera minha’lma. Dessa vez chorei um pranto menos caloroso, retraí minha surpresa e anulei minha inexperiência. É a ausência de expectativa presente num caminho em que a duvida de sua concretização me faz crer na não vontade de viver.

Não me sinto pertencente a nenhuma cultura, lugar ou tribo. O meu eterno vazio jamais será preenchido por nenhuma paixão, nenhuma aventura ou nenhuma viagem. Busco no amor ao próximo, na caridade, a presença de uma paz interna que nunca em mim existiu. Meu maior medo é de um possível fracasso na escolha desse caminho que a principio não passa mais de uma tentativa frustrada.

Apesar da armadura sob a qual escondo um coração sensível, à flor da pele, lágrimas abastecem minha retina e regam minha alma. Percebo e sinto o mundo ao meu redor sob um ângulo peculiar, sob uma nova perspectiva que me permite vislumbrar o Além, ultrapassar a matéria e tocar o real. A luz, o espírito, o céu com seus astros representam estrelas em meu caminho. A importância efêmera das tolices palpáveis me faz enxergar o intocável.

Li um conto num diário qualquer que narra o seguinte: uma mulher perdida em seus pensamentos solitários senta-se à beira-mar e observa duas pegadas na areia. Uma era a dela e a outra de Deus. Tais pegadas sempre andaram juntas, porém, nos momentos mais difíceis de sua vida, ela enxergou somente uma pegada e perguntou a Deus por que ele a abandonara no momento em que mais precisou. E Deus respondeu que sempre esteve e está com ela e que jamais a abandonou. Havia somente uma pegada na areia porque Ele a estava carregando no colo.

Achei muito lindo o conto e apareceu no momento certo. Sei que tudo isso faz parte da utilização do meu livre arbítrio e na escolha de um caminho. Estou viajando, conhecendo culturas e experimentando novos costumes a todo o momento. Porem, tal vivência é carregada de tanta solidão que me faz hesitar um pouco. Mas não irei desistir. Dessa vez só voltarei com a concretização da escolha que fiz. As descobertas já tiveram seu momento de serem feitas. Agora é hora de sua execução.